quinta-feira, 26 de julho de 2012

Sobre perdoar...

O perdão é uma maneira de curar as nossas mágoas e feridas, é a forma de nos religarmos aos outros e a nós mesmos. O problema não é o fato da mágoa acontecer, e sim de não conseguirmos esquecê-la ou nos recusarmos a fazê-lo.
O perdão nos confere muitas coisas, inclusive a liberdade de ser novamente quem somos. Quando perdoamos aos outros ou a nós mesmos, somos devolvidos ao estado de graça.
Perdoar não significa deixar as pessoas pisarem em nós. Quando conseguimos reconhecer que as pessoas são humanas, podemos perdoá-las tomando consciência da nossa raiva. Em seguida precisamos nos livrar da energia da raiva batendo contra um travesseiro, gritando numa praia deserta, desabafando nosso sentimento com um amigo em quem confiamos ou fazendo qualquer outra coisa capaz de expulsar a raiva. Não negue esses sentimentos, experimente-os plenamente. Depois abdique deles. Quando nos desapegamos, nós encontramos a liberdade.
Com frequência, a pessoa que precisamos perdoar somos nós mesmos. Temos que nos perdoar pelo que fizemos e pelo que deixamos de fazer. Sempre que acharmos que cometemos um erro, devemos nos perdoar. Perdoar é compreender os motivos que nos levaram a cometer aquilo que percebemos como erro ou ofensa a alguém. E aprender com a experiência.
Estamos no mundo para cometer erros, para magoar acidentalmente uns aos outros, para nos sentir perdido de vez em quando. Se fossemos perfeitos, não estaríamos aqui. Fizemos o que fizemos porque somos humanos.
O perdão nos ajuda a permanecer em paz e em contato com o amor.
Elisabeth Kübler-Ross

A lição do tempo

A nossa vida é governada pelo tempo. Vivemos nele e em função dele. Além disso, morremos nele.
O tempo é uma medida útil, mas somos nós que atribuímos a ele o seu valor.
Albert Einstein salientou que o tempo não é constante, que ele tem relação com o observador.
O tempo também depende da percepção. De uma maneira tangível, o tempo das pessoas não é igual.
Com o tempo, tudo muda. Mudamos por dentro, mudamos por fora, a nossa aparência e o nosso eu interior se modificam. Apesar de a mudança ser nossa constante companheira, em geral não a consideramos nossa amiga. A mudança nos assusta porque nos sentimos incapazes de controlá-la. Preferimos as mudanças que decidimos fazer, porque fomos nós que a escolhemos.
Passar por uma mudança é dizer adeus a uma situação antiga e familiar e enfrentar uma situação nova e desconhecida. Se lutarmos contra a mudança, lutaremos a vida inteira.
Envelhecer harmoniosamente é experimentar plenamente cada dia e cada momento. Quando vivemos plenamente a nossa vida, não temos vontade de voltar atrás. Só lamentamos a vida vivida pela metade. E viver plenamente não é realizar grandes feitos, mas ser capaz de usufruir o mais possível a cada experiência que nos é oferecida.
A realidade do tempo é que não podemos ter qualquer certeza do passado. Não sabemos se ele realmente aconteceu do jeito que lembramos. E, certamente, não conhecemos o futuro. Na verdade, nem mesmo sabemos se o tempo é linear.
Será que isto tem importância?
Nunca é demais repetir: o nosso grande e difícil desafio é viver plenamente o momento presente. Saber que este exato instante contém todas as possibilidades de felicidade e amor, e não perdê-lo por estarmos presos ao passado ou antevendo o que o futuro nos reserva. Ao colocar de lado o sentimento de expectativa, podemos viver no espaço sagrado do que está acontecendo agora.

Elisabeth Kübler-Ross - Os segredos da vida