quinta-feira, 5 de maio de 2011

Mais que brincar...

Há alguns meses escrevi um post com o nome: "Apredendo a ver com a criança interior" e hoje quero compartilhar com vocês um texto sobre a importância do brincar infantil e a relação dos pais ou educadores com as crianças durante as brincadeiras.


Um brinquedo...
O que é um brinquedo?
Duas ou três partes de plástico, de lata...
Uma matéria fria
Sem alegria
Sem história..
Mas não é isso, não é filho!
 Porque você lhe dá vida
 Você faz ele voar, viajar...
                   (TOQUINHO, 1987)


O brincar infantil não é apenas uma brincadeira “superficial desprezível”, pois no verdadeiro e profundo brincar, acordam-se a avivam-se forças da fantasia que por sua vez, chegam a ter uma ação plasmadora sobre o cérebro.
Descobertas mais recentes no campo da neurologia - a ciência que estuda o cérebro - nos mostram que o brincar é fundamental para o desenvolvimento humano. Em uma situação do cotidiano, por exemplo, quando o adulto coloca um objeto à frente do bebê, o esforço realizado por ele,faz com que em seu cérebro formem-se novas conexões (sinapses), que depois serão acionadas para atividades que envolvam o tipo de movimento realizado.

Tal pesquisa nos mostra que quanto mais a criança brinca, corre, pula, canta, mais sinapses se forma em seu cérebro. Mudanças físicas no cérebro são provocadas: ele, literalmente, cresce. Tal descoberta nos leva a refletir que a modificação do cérebro se realiza a partir da interação da criança com o ambiente, com outras pessoas, em suas atividades lúdicas e não apenas em conseqüência de carga genética que são transferidas de pai para filhos.
Através disto observamos que os esquemas mentais desenvolvidos pela criança são conseqüências de suas experiências vividas, das relações e interações com o mundo.
Observamos também como é importante as múltiplas vivencias com plantas e animais pois facilitam seu entrosamento com o ambiente terreno.

A criança ao brincar reproduz o mundo humano adulto por imitação, como por exemplo brincar de casinha ou representar fatos do seu cotidiano. Essa brincadeiras são decisivas para ativar as forças criativas das crianças. Os brinquedos industrializados muitas vezes não permitem à criança entrar em contato com a fantasia e nem projetar o que se passa em seu mundo interno. Uma simples tampa de panela pode se transformar em instrumento musical .
Precisamos ter paciência para ouvir e observar o que está sendo expressado durante uma brincadira da criança, sem fazer interferência no sentido de dirigir a brincadeira e impedir que ela se expresse tranquilamente.

Outro ponto a ser destacado é que ordem e limpeza durante uma brincadeira pode impedir que a criança viva experiências sensoriais e que entre em contato com sua fantasia. Existem pais que se incomodam muito ao verem seus filhos sujos de tinta ou argila ou muitas vezes sujos por terem “rolado” no chão durante alguma brincadeira. Esse conceito de limpeza é do mundo adulto e não faz menor sentido para a criança.

Alguns pais apresentam dificuldades em brincar com seus filhos por se distanciarem da sua própria criança interna. O brincar para o adulto é uma boa oportunidade de convidar sua criança interna para entrar em ação e permitir que ela torne sua vida mais leve e saborosa.
Quando não entramos no mundo da criança e ficamos presos ao nosso racional corremos o risco de provocar na criança um comportamento adulto precoce.
A criança precisa que tenhamos disponibilidade interna ao relacionar com ela. O ser humano se constitui através das suas interações e quanto mais saudável for suas relações melhor será a sua constituição emocional e cognitiva.

Lembre-se, brincadeira de criança é coisa muito séria!


“O brincar da criança é a manifestação mais profunda do impulso que conduz ao fazer, sendo que neste fazer o homem tem a sua verdadeira essência humana. Não seria possível imaginar uma criança que não desejasse ser ativa como o é quando brinca, pois o brincar representa a liberação de uma atividade que deseja se libertar do cerne do ser humano.”
       (Rudolf Steiner)


Texto: Fernanda Seabra CRP 04/18317- Psicoteraputa Sistêmica


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